MANIFESTAÇÕES EM MOÇAMBIQUE: LIÇÕES DA HISTÓRIA OU REPETIÇÃO DOS ERROS?
Por: Manuel Ambrósio
As manifestações e vandalizações que atualmente assolam o país trazem à tona um ciclo histórico que, apesar das mudanças de gerações, insiste em se repetir. A questão que surge é: estamos a aprender algo com o nosso passado?
MEMÓRIAS DE UMA INFÂNCIA POLITIZADA
Nascido na década de 1960, cresci em um ambiente profundamente politizado, ouvindo nomes como Eduardo Mondlane, Samora Machel e outros, mencionados por meu pai e tios em reuniões clandestinas. Era o início de um movimento que culminaria na fundação da FRELIMO e na luta pela independência.
A minha infância foi marcada por eventos históricos, como a proclamação da independência, em 1975, no Estádio Salazar (hoje Machava), e pela transição tumultuada que se seguiu. Vi lojas vandalizadas, casas destruídas e um povo dividido entre esperança e frustração.
CICLOS DE DESTRUIÇÃO E RECONSTRUÇÃO
Na década de 1970, testemunhei destruições que, mesmo na época, foram contestadas pelo meu pai, que alertava para a necessidade de preservar infraestruturas para o futuro. Hoje, 50 anos depois, vejo cenas semelhantes: vandalizações que destroem não apenas propriedades, mas também a esperança de um progresso sustentável.
ONDE FALHAMOS?
Pergunto-me: o que a minha geração aprendeu com os eventos de 1974? Como essas lições foram transmitidas às gerações mais jovens? Ao ver meu neto na fila do pão, algo que o meu filho nunca precisou enfrentar, sinto que falhamos em educar, informar e inspirar.
UMA CHAMADA À REFLEXÃO
É urgente que as gerações políticas ainda vivas, desde os líderes históricos até os mais jovens, se unam para construir um Moçambique melhor. Precisamos de diálogo, educação e uma visão clara de progresso que impeça a repetição dos erros do passado.
Manifestações são legítimas, mas a destruição não pode ser o caminho. O futuro de Moçambique depende da nossa capacidade de aprender com a história e de educar as gerações vindouras para construir um país próspero e unido.
"Somos pelo progresso e contra o retrocesso."