Piores Momentos de 2024: Assassinatos, Greves e Violações dos Direitos Humanos
INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 30 de Dezembro de 2024 – O ano de 2024 foi marcado por episódios trágicos que impactaram os moçambicanos em diversas esferas, desde assassinatos até greves e violações dos direitos humanos. A menos de dois dias para o fim do ano, relembramos alguns dos acontecimentos mais sombrios que abalaram o país do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico.
Mortes e Feridos em Manifestações
As tensões pós-eleitorais desencadearam uma onda de violência que resultou em 278 mortes e quase 600 feridos em apenas três meses. Agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) estiveram envolvidos em grande parte dessas fatalidades.
Um caso emblemático foi o assassinato de Elvino Dias, advogado e assessor jurídico de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do partido PODEMOS, ambos mortos a tiros no dia 19 de Outubro.
Violações de Direitos Humanos
Dois direitos fundamentais foram constantemente desrespeitados:
- Direito à manifestação: Protestos pacíficos foram violentamente reprimidos pela PRM, utilizando meios desproporcionais contra os manifestantes.
- Direito à comunicação: Operadoras de telefonia móvel limitaram o acesso à internet para conter a troca de informações sobre os protestos contra os resultados eleitorais de 9 de Outubro.
Greves no Setor Público
Os setores da educação e da saúde enfrentaram paralisações frequentes, motivadas por atrasos no pagamento de horas extras e más condições de trabalho:
- Educação: Professores paralisaram atividades e recusaram-se a corrigir exames, obrigando o Ministério a programar uma nova chamada para o próximo ano.
- Saúde: Médicos protestaram contra o incumprimento de 70% dos acordos firmados com o governo, o que resultou em mais de mil mortes devido à falta de atendimento hospitalar.
Raptos e Violência contra Empresários
Em 2024, Moçambique registou mais de dez casos de rapto de empresários. Esse fenômeno trouxe graves consequências econômicas e gerou um clima de insegurança no país.
Tensão Pós-Eleitoral
A divulgação dos resultados das eleições de 9 de Outubro gerou uma onda de revolta popular. O anúncio feito pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e pelo Conselho Constitucional foi amplamente contestado por cidadãos, organizações civis e entidades internacionais, que apelaram pela reposição da verdade eleitoral.
Fugas em Cadeias Penitenciárias
Nos últimos dias do ano, mais de 1500 reclusos fugiram das cadeias Central e de Máxima Segurança da Machava. A fuga gerou pânico, levando comunidades a organizar patrulhas para proteger bairros de assaltos, violações e homicídios cometidos pelos fugitivos.
Apesar dos desafios enfrentados em 2024, os moçambicanos mantêm a esperança de dias melhores no próximo ano.